domingo, 26 de abril de 2009

A decadência do futebol argentino

Em todo início de Libertadores a análise lógica, quase que automática, é a de que o título será disputado entre os times brasileiros e argentinos, podendo surgir uma zebra de algum outro país. Mas, nos últimos anos, esse chavão tem se mostrado falso. Isso porque, há uma década, os clubes argentinos passam por uma grande crise, que acaba sendo mascarada pelo sucesso do Boca Juniors nesse período. Mas a primeira fase dessa Libertadores deixou isso escancarado. Três dos cinco argentinos (River Plate, San Lorenzo e Lanús) chegam na última rodada já eliminados, e em grupos que não são lá muito difíceis.

O fato é que desde 1996, quando o River Plate conquistou a sua última Libertadores, o sucesso da Argentina na competição se limita ao Boca. Nesse período, o clube conquistou quatro títulos e foi vice-campeão uma vez, enquanto os demais times do país sequer chegaram em finais. No mesmo período, dez clubes brasileiros disputaram a decisão da Libertadores (Cruzeiro, Vasco, Palmeiras, São Caetano, Santos, São Paulo, Atlético/PR, Inter, Grêmio e Fluminense) e cinco conquistaram o título.

Em favor dos argentinos, podemos dizer que eles passam pelo mesmo problema que o Brasil: a saída cada vez maior e cada vez mais cedo dos bons jogadores e até dos medianos. O problema é que os portenhos têm uma população muito menor do que a nossa e, além disso, o futebol lá é muito concentrado em Buenos Aires, o que diminui a capacidade de revelar jogadores em massa, como ocorre no Brasil. Mas, então, como justamente nesse período em que os clubes argentinos afundam nas dificuldades, o Boca Juniors conseguiu se tornar o clube mais vencedor do futebol mundial nos últimos dez anos? Simples: eles conseguem explorar o potencial econômico que possuem graças a sua grande torcida, tendo um ótimo marketing (desde produtos licenciados até o cemitério do clube), além de possuir uma excelente estrutura para categorias de base, revelando praticamente um grande jogador por temporada, conseguindo, assim, tornar o futebol rentável. Em todos esses aspectos, os demais clubes do país parecem times de várzea se comparados ao Boca.

É claro que é um exagero dizer que o futebol doméstico argentino está condenado a ser um "novo Uruguai" e que os clubes não conseguirão se recuperar. Mas, hoje, eles estão claramente num patamar abaixo do Brasil. Tanto que nessa Libertadores, além do Boca, apenas o Estudiantes passou para a segunda fase. E o time de La Plata, apesar de ser uma equipe experiente e atual vice-campeão da Copa Sul-Americana, não parece ter condições de disputar o título. Então, aquela análise-padrão de todo início de Libertadores precisa ser modificada: os favoritos são os times brasileiros e o Boca Juniors, podendo aparecer uma surpresa do Equador, da Colômbia...ou da Argentina.

2 comentários:

Anônimo disse...

O Estudiantes manda um abraço

Unknown disse...

Estudiantes campeão. Ducha de água fria em todos os comentários acima.