quinta-feira, 12 de março de 2009

Riquelme, craque em extinção

Na última terça-feira, o meia Juan Román Riquelme anunciou que não jogaria mais pela seleção argentina. O craque do Boca Juniors ficou irritado com os comentários do técnico Maradona sobre o seu estilo de jogo. O jogador disse que os dois não poderiam continuar trabalhando juntos, por terem maneiras distintas de pensar.

Essa não é a primeira vez que Riquelme renuncia à seleção (já havia feito isso após a Copa de 2006, mas voltou atrás). E provavelmente não será a última. Isso porque ele é um jogador único, possui um comportamento totalmente fora dos padrões do futebol atual. A melhor definição que vi sobre Riquelme foi do jornalista da revista El Gráfico, Elias Perugino, em 2o01: "Ele é um habitante de uma bolha impermeável à contaminação de um meio superprofissionalizado, faz na vida o mesmo que faz com a bola: o que lhe dá na telha."

Em 1995, com 17 anos, Riquelme jogava nas divisões de base do Argentinos Juniors e vivia na pobreza ao lado dos pais e de dez irmãos. Eis que apareceu um convite do River Plate, recusado por amor ao Boca. Um ano depois, ele já estava no clube de La Bombonera. Por essas e outras, muitos boquenses se mostraram favoráveis à Riquelme no episódio com Maradona.

Maradona, aliás, já disse que Riquelme seria bem-vindo de volta à equipe nacional se reconsiderar a situação. A verdade é que Riquelme nunca foi unanimidade na seleção argentina. Um pouco por problemas de relacionamento, muito por seu estilo de jogo. Isso porque o meia é daqueles que impõe o seu estilo, faz a equipe jogar no seu ritmo. Nesse ritmo, ele foi o maior responsável por fazer do Boca o time mais vencedor do futebol mundial nos últimos dez anos. Na seleção, os técnicos sempre optaram, á princípio, por armar o time sem ele. Tanto que Riquelme só costuma ser convocado quando a coisa aperta. E costuma corresponder. Foi o caso da Olimpíada de pequim, quando ele foi o craque que comandou um time de garotos na conquista da medalha de ouro.

A possível volta de Riquelme à seleção talvez dependa mais de Messi do que de Maradona. Se o craque do Barcelona mostrar que pode ser o protagonista da equipe e a Argentina apresentar um futebol convincente ninguém irá clamar por Riquelme. Mas se o time estiver capenga, a opinião pública irá pedir o meia do Boca na Copa do Mundo. É claro que a decisão final é de Maradona. Seria legítimo ele abrir mão de Riquelme em prol de um estilo de jogo mais "vertical". Nessa hora seria fundamental um técnico, coisa que Maradona não é.

Foto: Uol Argentina

Nenhum comentário: